Na Escola Aprendi A Amar - 2ª temporada

Instrução:

- A Web esta sendo realizada com o tema musical "5:19, cantor Matt Wertz." Quem se interessar em ler a história ouvindo a música, creio que ficará legal. Boa leitura !

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Prólogo

    O dia terminou muito bem para o recém casal formado no colégio Coimbra. Nanda pisava em nuvens todos os dias; na sala de aula, no intervalo aos beijos com Leandro, na sua casa enquanto arrumava tudo. Clarissa, sua mãe, aceitou muito feliz o relacionamento da filha. Aconselhou a jovem de todas as formas possíveis para não se precipitar muito; aproveitar sim toda a felicidade que essa surpresa a trouxe, mas não deixá-la cega. “Tudo bem, tudo bem mãe. Já entendi, não vou me desiludir. O Le é tão fofo mãe *-*” a última parte era a frase que se seguia dali para frente na vida de Nanda. Depois de uma semana de namoro Leandro levou Fernanda a sua casa para apresentar a jovem que roubou seu coração a sua família.

- Mãe, pai, Pedrinho, quero que conheçam minha namorada, Fernanda. – Apontou a jovem para eles. Muito prestativos, os pais do rapaz a convidaram para passar um dia maravilhoso na casa (mansão) deles. Almoçaram, curtiram a piscina, brincaram na sala de jogos, fizeram um lanchinho da tarde e para finalizar o dia assistiram a um filme. Antes de Nanda se despedir, o irmão mais novo de Leandro olhou para a jovem e perguntou:

- Nanda, ée... cando você vota aqui?

- Em breve Pedrinho, pode me esperar que logo logo voltarei para brincar mais com você tá? – Sorriu docemente para o pequenino e beijou-lhe a testa. Os dois se retiraram e prosseguiram para algum lugar.

    Nada parecia dar errado. Os dois completamente apaixonados, vivendo num mar de rosas, um conto de fadas, tudo muito perfeito. Leandro encontrou sua amada e Nanda seu amado, unidos para sempre...

 

Eu estaria mentindo se eu te dissesse que eu estou bem

- Então minha princesa, como você esta hoje? – Pergunto ajeitando a teimosa franja de Nanda atrás da orelha, sorrindo.

- Estou bem vida e você? – Retribui olhando de forma dispersada para mim.

- Na medida do possível bem – abraço-a e deposito um beijo no pescoço dela.

- Huum, que bom então. – Seus olhos hoje não parecem felizes, o que será que esta incomodando minha princesa? Com a mão direita ergo seu rosto na altura do meu.

- Amor, você não parece bem. Tem alguma coisa te incomodando? Pode me falar.

- Não Le, estou bem. Só um pouco de dor de cabeça nada mais. – Seu sorriso não me convence, mas não pretendo forçá-la a dizer.

 - Ok, ok então. – Um selinho umedece seus lábios até então secos. – Sei perfeitamente o que vai te alegrar hoje, vamos correndo pro Shakemania nos deliciar com aquele Céu-Azul. – E de repente um brilho surgiu em seus lindos olhos castanhos.

- Eba Môo, vamos logo então. – Pegando-me pela mão arrastou nossos corpos pelo espaço da sala da sua casa e em menos de dois minutos já estávamos a caminho do nosso destino.

 

  É, dois meses já se passaram ao lado desta menina maravilhosa. Nunca pensei que ficaria desta forma, todo abobalhado de amor só desejando tê-la comigo para sempre. Desde o dia em que a pedi em namoro só penso no dia em pedi-la em casamento. Mas para que apressar as coisas? Há muito tempo ainda para oficializar de fato nossa união.

- Então Le, Céu-Azul mesmo? – Me pergunta Nanda tirando-me do transe.

 - Sim sim amor, o de sempre moça. – Sorrio para a atendente que já nos conhece.

- Estou cansada sabia Mô? – Comenta Nanda me olhando de baixo para cima pendurada em meu ombro.

- Sério? Mas o que a deixou assim? – Deposito um beijo em sua testa.

- Não sei... Acho que as provas finais do colégio estão me deixando atordoada, sei lá... – Vejo-a fazer biquinho. Mordisco-o de leve.

- Huum, pode ser. Eu estaria te atrapalhando nos estudos amor?

- Não Le, claro que não. Que pergunta desajustada hein? – Aquele sorriso que me tira do sério.

- Aaaaaaaah, minha princesa! – Abraçando-a pela cintura a ponto de retirá-la alguns centímetros do chão. – Eu te amo sabia? – Pressiono fortemente meus lábios no dela sem que seja um beijo definitivo.

- Eu também te amo... – Responde dificilmente. Risos.

- Aqui está moço, seu milkshake sabor Céu-Azul.

- Ah valeu. – Pago-a, pego o copo azulado e de mãos dada com minha princesa nos retiramos do estabelecimento.

- Eu quero um pouquinho sabia seu guloso? – Escuto sua reclamação e ao olhá-la percebo um biquinho.

- Owwwn, você sabe que não resisto aos seus biquinhos não sabe? – Sorrio e ofereço-lhe o copo.

- Sim, eu sabia e é por isso que o faço. – Agora seu semblante esta de menina danada.

- Sua danadinha... – Sorrio e simplesmente a beijo.

 

Chega Julho, pensei que tínhamos tudo juntos

 

O fim das provas finalmente chegou. As férias vêm vindo aí e poderei curtir muito mais com minha princesa. Preciso pensar em alguma coisa muito legal para fazermos. E essa aula que não acaba nunca? Tá louco. O que será que ela deve estar fazendo lá na sala dela? Será que estaria pensando em mim ou nos estudos dela? – Sorrio. – É... Esses estudos. Como isso pode ocupar tanto espaço em sua vida? Nos últimos dias ela só tem pensado nisso e se esquecido um pouco de mim. Ou é coisa da minha cabeça? Quem sabe... – Arqueio o ombro. – De qualquer forma a amo demais. Nada pode estragar tudo o que estamos vivendo juntos... Isso esta ficando muito gay, minha sorte é que esta apenas na minha cabeça e ninguém tem conhecimento. – Riso baixo.

- Caramba esse sinal demorou pra tocar! – Reclamo a Carlinhos, meu amigo desde a 5ª série.

- Nem fala meu, só porque as aulas estão no final parece que essa droga vai embaçar para tocar.

 

- É, pode crê. Ai Carlinhos, to indo lá encontrar minha princesa ok? A gente se vê amanhã de manhã no treino tá? – Estendo minha mão para ele e faço nosso toquinho.

- Vai lá garanhão. – Desde que comecei a namorar Fernanda ele só me chama de garanhão. Gostaria de saber o por que. Mas quem se importa? Vou correndo buscá-la na porta da sala.

- Ei, você viu a Fernanda?

 

- Hã? Ah, a Nanda saiu faz uns dois minutos.

- Sério? – A surpresa em meus olhos ficou clara demais.

- Aham.

- Tá bom, valeu. – Caminho para fora do corredor da sala dela tentando imaginar para onde ela teria ido. Será que ela foi pra lá? Direciono-me até o cantinho que ela mais adora dentro desta escola. Nosso primeiro encontro, nossos primeiros momentos de namoro. Aquele dia que a derrubei no gramado e a fiz chorar de tanto rir por causa das cócegas na cintura. E os milhares de beijos que deixei em sua face e um abraço de urso bem dado. Muito bom. Hum... É. Ela esta lá.

 

- Por que você saiu tão rápido da sala amor?

- Hã? – Não havia percebido ele se aproximar.

- Por que não me esperou na sala?

- Ah... Desculpa amor. – Fez uma carinha triste. – É que sei lá. Quis ficar um momento sozinha entende? – Seu olhar pedia-me desculpa. Sento ao seu lado e acaricio seu ombro.

- Amor... Não precisa ficar assim, eu entendo sim. Se você precisa, te dou o tempo que for, mas tem alguma coisa de errado rolando? Posso te ajudar? – Ela suspira.

- Não Le. Sou eu. Estou um pouco perturbada nos últimos dias com um pensamento ridículo e não consigo tirá-lo de minha mente.

- Aham... – Não sei o que dizer a ela. Estou assustado por vê-la assim. Será que... Não, não é isso.

 

- Ahn... É bem constrangedor lhe pedir isso Le, mas será que poderia me deixar sozinha hoje? Não vou conseguir ser eu mesma contigo hoje. Não quero te magoar. – Como assim não quer me magoar? Será que ela não entende que a presença dela é o que me faz bem e nada pode me magoar? Não. Não posso ser egoísta com ela desta forma. Deve ser um daqueles problemas que só a pessoa mesma pode resolver.

- Isso é bem estranho Nanda. Você sabe que não fico um momento sem você todos os dias... Mas se você precisa então tá. – A voz saiu mais fraca do que imaginei. Abaixo minha cabeça, espero um segundo e torno a olhá-la. Seus olhos não estavam me fitando. Um estranho aperto surgiu em meu peito. Levanto-me sem dizer nada. Deposito um demorado beijo em sua cabeça e saio.

 

    A tarde esta se arrastando. Esse tempo tá custando demais a passar e um minuto sem ela parece uma eternidade. O que há de errado com meu anjo que ilumina os dias? Ela esta tão apagada, tão distante... Deitado em minha cama coloco meus braços atrás da cabeça. Fico fitando a parede. Estou complicado demais para associar as coisas, nem um simples jogo de vídeo game eu consigo jogar direito. O que será que ela esta fazendo agora? Olho para o relógio, ainda são 15h31min. Pego o celular e disco o número dela. Caixa postal, droga. Acho que vou dormir um pouco, esvaziar os pensamentos da cabeça.

 

E assim ele fez. Dormiu, sonhou e até mesmo chorou. Em seu sonho ele perdia Fernanda para um enorme buraco, no qual ela se jogará sem nenhuma razão. Quando ela caiu ele despertou.

 

   Nossa... Acho que estou preocupado demais. Caramba, que dor de cabeça. Coço a cabeça e encontro algo molhado. Sangue. Arrgh! Não suporto sangue, cê é louco. Vou até o banheiro. Quer saber? Acho que já vou aproveitar e tomar um banho. A água morna caindo sobre o machucado vai causar um ardido forte, mas depois passa. É, assim que é bom. Descarregar a energia negativa, restaurar as forças, ser um novo Leandro e encarar tudo de forma madura. Desligo o chuveiro e pego minha toalha. Agora é colocar uma roupa legal, fazer um curativo nesse machucado misterioso e assistir a minha novela. Sorrio.

  Um corte, mas como? É cada uma. Bom, deixa eu me jogar nesse sofá gostoso e assistir minha novela. Tem quem diga que malhação é para boiola, mas não sabendo que eu assisto esta tudo bem. Sei que não sou boiola e Nanda é a prova mais linda que existe. Pensar nela me faz sorrir e não consigo explicar isso. Mas pensar no que ela tem feito comigo nos últimos dias não gera sorriso algum. Suspiro.

 

O que ela tem feito com ele não gera sorriso algum, exatamente. Os pensamentos dele iam e viam desde a imagem do rosto dela até a última palavra dita. Duas coisas que não combinavam, não faziam sentido. Leandro assistiu a sua novela, depois foi para o computador e sem ter mais nada para fazer adormeceu. Não teve nenhum sonho com Fernanda caindo em um buraco, mas o vazio que sua mente ficou enquanto ele dormia não lhe agradou e acabou não tendo uma boa noite de sono.

 

Até você dizer: Eu preciso de um tempo

 

   Mas que luz é esta?... Abro os olhos aos poucos para acostumar com a sua entrada. Tendo a visão completa novamente percebo que era apenas o sol passando pela minha janela. Esqueci de fechar as cortinas ontem de novo. Que horas deve ser? Putz! São 10h06min. Caramba, a Nanda vai ficar bolada por não ter aparecido na escola. Levanto correndo e coloco qualquer roupa. Lavo o rosto, me arrumo sem prestar atenção aos detalhes e corro para o portão. Esbarro com minha mãe pelo caminho.

 

- Eita Le, aonde você vai a essa hora com tanta pressa?

- Tenho que ir pro colégio mãe! A Nanda deve estar me esperando e... – É miragem ou Nanda esta sentada no sofá tomando um copo de leite com Nescau e comendo bolachas?

- Le, você tá bem filho? – Coloca sua mão em minha testa. – Hoje é sábado e a Nanda já esta aqui esperando você acordar. – Sorri.

- Jura? Uau, aonde será que estou com a cabeça? – Sorrio sem graça pela cena. Nanda apenas me olha sem expressar muita coisa. Sento-me ao seu lado e dou-lhe um beijo na bochecha.

- Bom dia bebe. Como você tá? – Acaricio seus cabelos.

- Mais ou menos. – Diz com a boca cheia.

- Não esta melhor ainda princesa? Caramba será que você tá doente? – Procuro uma temperatura alta na testa e embaixo do queixo dela. Normal. Seus olhos me fitam com tristeza, não deve ser doença. Fico calado.

- Le... – Ela começa. – Tenho uma coisa pra te dizer, mas não sei como. – Sua voz esta desesperada e só houve uma vez que ela falou deste jeito, e foi quando ela ia desistir dos seus sonhos. Colocando o copo na mesinha ao lado ela me olha e segura minhas mãos. – Prometa que não vai ficar triste, bravo ou qualquer outra reação ruim? – Seus olhos queriam me acalmar, mas estavam tão descontrolados que não tiveram efeito. Apenas fiz que sim com a cabeça e esperei pelo pior. – Estive pensando... Há muitas coisas que quero fazer e você sabe. Tantos sonhos, tão pouco tempo e decisões a serem tomadas. Há três semanas recebi uma bolsa de estudos de uma universidade de Londres para estudar Letras. Participei de um concurso que a escola de inglês nos ofereceu e sou uma das ganhadoras... – Tudo saiu rapidamente e demorei um pouco para associar tudo. – E bom, acho que vou aceitar.

- Deixa eu entender direito – Falei depois de uns minutos. – Você vai embora para Londres? Você vai me deixar Fernanda? – Meu tom de voz subiu dois oitavos. Minhas mãos começaram a tremer e tive que apoiar minha cabeça sobre elas para pararem.

- Le, por favor...

- Você não pensa em mim? Você ao menos gosta de mim? Achei que estávamos apaixonados... – Levanto-me e afundo meu rosto sob as palmas de minhas mãos.

- Hã? Como assim achei que estávamos apaixonados? Eu sou apaixonada por você Leandro. Penso em você é lógico, eu te amo! – Ela berrou atrás de mim.

- Se me amasse de verdade não estaria me deixando para trás por causa de concurso qualquer. – Berro. Mas que merda, o que foi que eu disse? Olho para ela para me desculpas, porém é tarde. Seus olhos despejando lágrimas, as primeiras desde que começamos a namorar. – Nanda... Eu... Me perdoar... Eu não queria dizer... – Minha voz some. O que vou dizer? Já cometi o erro. Agora sim eu a perdi para sempre. Sem nada dizer ela sai da sala e corre para o portão.

- Porra! O que foi que eu fiz? – Desesperado corro para o portão. Lá esta ela, indo embora dentro do carro de sua mãe. As lágrimas chegaram. Soco a parede furiosamente e tudo que mais quero é ir atrás dela pedir-lhe perdão. Uma mão me toca.

- Leandro, filho... – Minha mãe vai dar o sermão, se prepara Leandro. – O que foi aquilo? Por que disse aquilo a ela? – Sua voz esta áspera.

- Não sei mãe... Sou um idiota, um retardado, o pior cara da face da Terra. – É a única coisa que posso dizer de certo já que falei o errado.

- Parece que sim né? Meu Deus... A menina veio aqui para contar uma ótima novidade e você a maltrata?

- Ótima novidade? – Agora quem esta áspero é eu. – Ela veio contar que vai me deixar para ir morar em Londres e você acha uma grande novidade? Era só o que me faltava... – Dou as costas a ela e corro para o meu quarto. Tranco a porta e berro o mais alto que minha voz consegue.

- Por que? Por que?... – O que falar? Acabo de perder minha namorada, a primeira pessoa que amo por um erro estúpido. E se?... – Ela deve estar em casa agora. Vou ligar. – Pego o telefone, disco o número e espero. Chama. Chama.

- Alô? – É uma voz feminina, porém não a de Fernanda.

- A Fernanda esta? – Pergunto.

- Quem é?

- Hãn.. o Leandro. – Falo com medo.

- Você? Seu moleque... NUNCA MAIS LIGUE PARA CÁ ENTENDEU? DEIXE MINHA FILHA EM PAZ! – Tum, Tum, Tum. É, a Sra. Reis com certeza esta furiosa comigo. E essas malditas lágrimas que não param de cair? Minhas mãos tremendo, não consigo controlar. Jogo-me na cama, cubro-me com meu cobertor e aqui ficarei. Sabe lá até quando... Quem sabe pra sempre?

 

Verdade seja dita, é muito difícil esperar...

 

   Mais um dia se vai. Com este já se passou uma semana sem notícias de Nanda. As aulas já acabaram e pra ser sincero preferiria ter aula e vê-la na escola do que não ter nenhuma chance de encontrá-la novamente. Já perdi as contas de quantas vezes me martirizei pelo enorme erro. Fiquei em meu quarto praticamente 24 horas e só saia de lá quando minha mãe insistia em conversar comigo. E pra que? Nada fará com que minha princesa me perdoe, eu a magoei de uma forma que nunca pensei que conseguiria magoar alguém. Agora meu castigo é seguir em frente sem ela ao meu lado, superar essa dor insuperável e esquecer meu amor por ela. Alguém pode me dizer se isso é possível? “Tanãnã”, é meu MSN.

 

Carlinhos diz: E ai manoo

Le (tôocupado) diz: Fala

Carlinhos diz: Vamo sai?

Le (tôocupado) diz: aaah.. nem sei. To sem coragem sabe como é ;x

Carlinhos diz: pô meu vai fica nessa fossa até qnd? A mina já te deixo

Le (tôocupado) diz: afffff –-‘ já pedi pra vc para com esse papo né? Num te perguntei nada o vacilão ¬¬

Carlinhos diz: calma Leandro, só to tentando te animar ow :s

Le (tôocupado) diz: me enchendo o saco? Ñ to de boa da sua animação uu’

Carlinhos diz: meu essa menina estrago sua cabeça.. antes vc era mais firmeza

Le (tôocupado) diz: vai saber o que amar e depois me fala ok? (yn)

Carlinhos diz: tá tá tá.. mas então borá sai ou não? Vai ser legal mew vc tá precisando se distrair D: conselho de amigo

Le (tôocupado) diz: AFF tá. Pra onde?

Carlinhos diz: Lá pra praia. Tá rolando o aniversário da Camila ta ligado? É tipo um lual.. Vamo?

Le (tôocupado) diz: tanto faz, vamos então... que hrs?

Carlinhos diz: daqui uma hora to passando ai pra te buscar falo?

Carlinhos está offline.

 

   É, agora sim estou ferrado de vez. A fofoca já rolou pra todo mundo que eu conheço e chegar lá com esse peso de “Levou um pé na bunda” vai ser o pior, mas fazer o que. Ficar preso pro resto da vida aqui também não dá. Vejamos... Vou vestir uma camiseta verde, uma bermuda preta e tênis. Qualquer coisa. Pegar meu boné em cima da prateleira pra dar o toque final. Caramba, foda ter uma cama tão mole assim, difícil de equilibrar... Ahá consegui. Peguei. Hã? Olho pra baixo e vejo um papel branco. O que será isso? Desço e pego. Uma foto de nós dois juntos. Meu coração esta disparado, a imagem dela... ainda causa em mim coisas que não sei explicar. Espere tem uma mensagem aqui atrás.

 

Le, meu amor *-* Nossa primeira foto juntos !!

Estou feia, sabe como é né? Mas você esta lindo <3

Eu te adoro muito bebe, sempre te amarei.

 

Estou sem fala. “Toc toc toc”, caramba que susto! Vou até a porta e abro-a.

 

- Oi mãe? – Pergunto.

- O seu amigo Carlinhos chegou.

- Já? Caramba ele disse que ia chegar daqui uma hora. – Será que já passou todo esse tempo? Vejo minha mãe dar de ombros e sair.

 

Então tá né? Vamos nessa. Corro para o portão e ao abri-lo percebo que ainda carrego a foto em minha mão. Guardo-a com carinho em meu bolso e entro no carro.

A ida até a festa-lual foi rápida e com algumas risadas. Porém não estou nada feliz. Depois de estacionar o carro seguimos em direção a grande roda de pessoas com uma fogueira no centro deles.

 

- Uau, olha isso aqui meu! Que festa foda pra caramba. – Carlinhos e seus comentários.

- É bem legal.

- Olha ali a Camila... Nooossa, que gatinha meu. – Olho para a cara dele e depois para a menina. Pode ser que ela esteja bonita, mas nada como minha Nanda. Ela nos vê e caminha em nossa direção.

- Oi meninos que bom que vocês vieram! – Que tom de voz esnobe essa menina tem. Aff. – Leandro, eu sinto muito pelo rompimento do seu namoro. – Segura minha mão. – Deve estar sendo uma fase difícil, mas hoje quero que se sinta bem ok? – Sorri para mim e eu apenas dou de ombro. Retiro minhas mãos das delas. Sem esperar ela puxa a mão de Carlinhos e a minha para perto do pessoal.

Todos que ali estavam eram conhecidos. E todos me olham com caras de “Coitado dele” e sarcasmo. Ótimo, é tudo que eu preciso. Um barman nos oferece bebidas e já pego uma caipirinha.

 

- Eita Leandro, já vai atacar a caipirinha? Ai sim hein!

- Não enche ta bom? – Viro a bebida de uma vez e sinto-a escorrer queimando pela minha garganta até chegar em meu estomago. Passo o olhar em todos e ninguém me chama a atenção. Já era de se esperar...

 

   Depois que comecei a namorar Fernanda tudo em minha vida mudou. E essa mudança gerou certo afastamento das pessoas que eu considerava “amigos”. Bom, surpresa! Eles não são meus amigos de verdade, exceto Carlinhos que ainda tem a santa paciência de falar comigo. Ataco outra caipirinha. Coloco minhas mãos nos bolsos e quer saber? Só ficarei escutando o papo furado do meu querido amigo ao lado com os outros.

 

Assim Leandro cumpriu. Nada falou, nada expressou. Ficou calado reprimido em seu vazio interior e na angustia de não ter Nanda ali ao seu lado para aproveitar a boa festa. Algumas meninas estavam fitando ele de longe. Uma delas estudava na mesma sala que ele, mas as outras não. Seus olhares não se cansavam de mirá-lo. Geralmente a pessoa sente que algo a incomoda, mas a distração do rapaz estava tão grande que não percebeu esse cutucão visual que elas estavam lançando para ele. Até que cansadas de esperar ele olhá-las duas resolveram se aproximar.

 

- Oi Leandro.

- Hã? Ah oi Letícia. – Falo um pouco surpreso.

- Como você esta?

- To bem. – HAHA queria que isso fosse verdade.

- Gostaria de te apresentar a minha prima Bruna.

- Oi... – Ela diz.

- Oi Bruna. – Porra era só o que me faltava, ajeitar menina pra eu ficar hoje.

- A gente pode ficar aqui com vocês? – Se o Carlinhos ouvir essa pergunta ele...

- Opa, e ai Lety tudo bom? – Vejo-o cumprimentá-la. – Fica com a gente aqui. Estamos curtindo um papinho legal.

- Ah que ótimo Carlinhos, demoro. Essa aqui é a minha prima Bruna. – Ela apresenta. Bla bla bla.

 

   Essa conversa tá sendo uma merda. Por que mesmo eu aceitei vir pra essa festa? Ah sim! Porque eu sou um otário. Droga. Essa tal de Bruna não para de me olhar meu, o que eu faço? Como eu gostaria que ela estivesse aqui. Mexo minha mão dentro do bolso e sinto o papel. A foto. Suspiro profundamente.

 

- Tá com algum problema.. Leandro né?

- Talvez... – Quem sabe se eu for curto e grosso ela se toca? – Não é da sua conta. – Ótima resposta garotão. Bebo outro gole da caipirinha.

- Ah... Me desculpa. – Isso ai garotinha, fique sem jeito. – Você foi dispensado e tá todo triste né? – O que?!!

- Como você sabe? – Pergunto bravo.

- Me contaram. – Vejo seu olhar ir em direção a Letícia.

- Te contaram ou fofocaram? Vocês são todos uns babacas. – Jogo o copo na areia e saio andando. Não sou obrigado a aturar esses merdas.

- Ow, Leandro! Aonde tu vai?

- Não vem não Carlinhos, eu sabia que não ia ser bom eu vir. – Continuo andando, mas ele me puxa pelo ombro e eu viro.

- Porra meu você tá ai todo estressadinho por aquela menina que nem tenta se divertir! Todo mundo ta aproveitando e só você fica com essa cara de cu. Já deu não deu? Esquece aquelazinha.

- Aquela o que? – Isso eu não vou admitir. Antes de pensar em qualquer coisa dou um soco na cara dele. – Olha como você fala dela seu bosta!

- Caralho meu você ficou maluco? – Ele diz enquanto se levanta com a mão na cara. Percebo uma manchinha de sangue escorrer pela boca dele e fico em choque.

 

Choque o suficiente pra sair correndo dali. Pra que lugar? Não faço a menor idéia. Corro. Corro. Corro. Corro. Olho pra trás e vejo que estou bem distante da festa e ninguém me persegue. Paro todo ofegante e sento na areia. A lua esta clara o suficiente para iluminar a imagem dela. Retiro a foto do bolso e fico a admirá-la. Choro ao ler novamente a mensagem. Esperar o tempo passar é tão difícil...

 

 

Um olho no relógio e um no telefone, são 5:19

   Ainda bem que não moro tão longe da praia. Seria um desastre se minha casa fosse do outro lado da cidade. Voltar a pé sozinho seria um desastre. Mais um. Que horas são? Caramba, 05h10min da manhã. Minha mãe vai me matar, mas nem ligo. Abro o portão, caminho até a porta da cozinha e abro-a sorrateiramente. Direciono-me até meu quarto em passos leves para não despertar ninguém da casa e enfim chego ao meu quarto. Tiro o tênis e a camiseta e deito na cama. Tudo que eu preciso agora é de um descanso. O foda é que estou sem sono e tudo que eu mais quero é conquistar Nanda de volta. Eu preciso. É uma questão de respeito por mim, por ela, por tudo nesse mundo. Vou dizer a ela que vamos superar a distância. Telefonarei todos os dias e que tudo que eu mais quero é vê-la feliz fazendo o que sempre sonhou. Mais uma vez pego a foto, agora toda amarrotada, e sorrio ao vê-la tão feliz ali ao meu lado. Como fui estúpido ao duvidar do que ela sentia por mim. É óbvio que ela me amava demais e eu tolo nem notei verdadeiramente. Um fracasso de homem. Olho para o relógio e são 05h19min da manhã. Tenho que fazer alguma coisa. Tenho que mudar o que aconteceu. E acho que já sei como... Rapidamente me levanto da cama, retiro da minha mochila um caderno e pego uma caneta. Sento na minha mesa de estudos e seleciono uma folha em branco. Escreverei uma carta para ela falando tudo. Como esta sendo difícil viver sem ela, o sofrimento e o arrependimento que estou sentindo pelo que fiz. Sim, é isso.

 

Amada Fernanda,

 

   Por favor, não jogue esta carta fora antes de lê-la. Tenho algumas coisas a te dizer e preciso que você saiba.

   Talvez eu esteja atrasado para lhe dizer, mas eu fui um completo estúpido, idiota, retardado, insano, grosseiro, o pior tipo de cara que existe no mundo com você. Não tinha o menor direito de desconfiar do que você sentia por mim quando na verdade era óbvio que você me amava. Eu apoio todos os teus sonhos, sempre apoiei. Mas a idéia de não ter você ao meu lado por alguns anos foi demais para mim. O seu afastamento nos últimos dias também não foi o melhor jeito de você se e me preparar para contar essa notícia. O que você esperava? Que eu reagisse com enorme felicidade por te perder desse jeito? Não. Não sou assim e você sabe, sempre soube. Eu te amo Fernanda, te amo antes mesmo de você descobrir que também me amava. Sempre fui apaixonado por você. Quantas vezes eu não fiquei com outras meninas tentando te esquecer, mas em vão.  Eu te escolhi, eu quero você ao meu lado por muitos e muitos anos.

   Hoje, com a cabeça fria vejo que podíamos de alguma forma superar essa distância. Com certeza eu te ligaria todos os dias, lhe escreveria cartas, viajaria para Londres te ver. Faria tudo por você, mas agora é tarde. Você provavelmente deve estar terminando de acertar as documentações e se preparando para partir. Partir para sempre da minha vida, do meu coração. Estou sofrendo tanto... Essas semanas que se passou tem sido um inferno em minha vida. É difícil para eu ter de assumir a você que choro todas as noites, penso em você a todo o momento, e que agora fico a ver a nossa primeira foto juntos que encontrei guardada.

   Não sei se depois desta carta você possa reconsiderar meu ato de crueldade, mas tudo que eu te peço é que me perdoe. Sinto sua falta, sinto falta dos teus beijos, do teu perfume, do seu jeito...  Não sei o que vai ser de mim sem você. Não falei aquelas coisas por mal, apenas entrei em pânico e descontei tudo que estava sentindo em cima de você. Perdoe-me...

 

Eu te amo... Entenderei que nunca mais vai querer falar comigo caso não de nenhum sinal.

 

Leandro.

10/07/2010.

 

Releio mais algumas vezes verificando cada detalhe. É, acho que assim esta bom. Deus eu sei que não sou um fiel decente na Sua jornada, mas Vos peço: ajude-me! Amo essa menina demais para perdê-la. Por favor Deus...

 

Guardo a carta dentro de um envelope e deixo-a em cima da mesa. Retorno para minha cama e enfim adormeço.

 

 

 Estou me sentindo sozinho, se eu pudesse falar com você

 

- Leandu? – Alguém me chama. Olho para o lado ainda com sono e vejo uma pequena silhueta.

- É você Pedrinho?

- So eu sim, pensou que era o bicho papão é? – Ele ri animadamente e pula na minha cama.

- O que você quer pentelhinho? – Levanto e faço um carinho nele.

- Quelia que você me explicasse uma cosa.

- Hã, pode falar.

- Puque a Nanda num vem mais aqui? – A dúvida esta bem clara no rosto dele e não sei como responder.

- Ahh... A mamãe já não te explicou Pedrinho?

- Já, mas num entendi. – Coça a testa, que lindo. Sorrio e o envolvo num abraço.

- Pedrinho... Ela não vem mais aqui porque... Eu fui muito mal com ela.

- Mal? – Ele se assusta. – Você masuco ela? – Do nada ele fica com uma cara de bravo.

- Caalma... Não a machuquei de verdade, mas a magoei. Sabe quando você fala alguma coisa que deixa a mãe brava e ela briga com você e te deixa triste? – Ele assentiu. – Então fiz a mesma coisa com a Nanda e ela não fala mais comigo.

- Mas depois a mamãe cunversa cumigo direitinho e me da um chocolati. – Sorri e acabo sorrindo junto.

- É, mas não é fácil assim comigo e a Nanda.

- Puque você num tenta? Eu lembro que a Nanda adorava come chocolati.

- Você é um gênio sabia Pedrinho? – Bagunço seu cabelo loirinho.

- Eiii, num me dexa feio. Vo vê minha namolada na escolinha. – Faz bico.

- Ta namorando maninho? E como ela é? Gatinha?

- Ela é linda. Vo leva uma flor pra ela.

- Nossa ela é especial mesmo hein? – Dou um tapinha de leve no ombro dele.

- Ahamm! Agola tenho que ir. Tchaau mano e trás a Nanda di novo to com saudadi. – E corre para fora do quarto. Será que ele esta certo? Acho que não custa nada tentar.

 

E assim Leandro fez. Levantou-se rapidamente da cama, colocou a melhor roupa, pegou a carta e correu. Com sua bicicleta pedalou o mais rápido possível para a floricultura que fizera a loucura de amor para Nanda três meses antes. Selecionou o buquê de rosas vermelhas mais bonitas e continuou suas pedaladas em direção a casa dela. Chegando lá já rezara mais de mil orações pedindo para que ela estivesse em sua casa. Tocou a campainha e quem atendera a porta fora a mãe de Fernanda.

 

- O que você esta fazendo aqui? – Perguntou a morena surpresa pela presença dele e as rosas.

- Preciso que você me escute e me ajude Dona Clarisse. – Digo ofegante e cansado.

- Pra que? Estragar a vida dela? Não, obrigada. – Prestes a fechar o portão a impeço.

- Por favor, Dona Clarisse, me de uma chance de explicar o que houve, por favor. Eu amo sua filha! – Sua expressão parece pensativa será que ela vai me escutar?

- Tá bom, uma chance! – Vejo-a cruzar os braços e esperar minha explicação.

- Foi um engano – começo. – Não era para eu ter dito aquelas coisas. A Nanda se afastou muito de mim na escola e comecei a ficar preocupado e quando ela disse que iria embora para Londres, assim, do nada fiquei louco, bravo! O que eu entendi na hora foi que ela não se importou comigo, que o sonho dela era mais importante que o nosso amor... Não pensei antes de falar, apenas explodi nela três semanas de perturbações por causa do seu comportamento comigo. – Termino de explicar e abaixo a cabeça. Por uns minutos ela nada disse e já fico sem esperança.

- Olha Leandro, até posso entender tudo o que houve com você, mas você devia ter sido paciente e escutado o que minha filha tinha para lhe dizer. Antes mesmo de ela terminar a notícia você a atacou com sete pedras na mão.

- Eu sei, eu sei. Fui um tolo, um estúpido, um completo idiota e é por isso que estou aqui. Fiz uma carta para Fernanda e gostaria que a entregasse antes dela partir. – Estendo a mão com o buque e enfio a carta entre as rosas. – Sei que ela esta magoada comigo, mas esta é a minha última chance de reconquistá-la e superar tudo isso de uma forma melhor.

 

E com estas palavras Leandro conseguiu reconquistar a sogra. Clarisse conversou mais algumas coisas com ele, coisas que Fernanda ia fazer para viajar e como estava se sentindo em relação a eles. Aceitou ajudá-lo e combinaram como tudo ia ocorrer. E assim Leandro retornou para sua casa feliz e aliviado. Ainda existia uma possibilidade de recuperar sua princesa e ele não perderia essa por nada neste mundo.

 

 

Eu queria que você soubesse que continuo livre

 

    Bom, acho que esta é a decisão certa a tomar. Sem hesitar mais aperto o botão DEL do meu computador e uma janela aparece: “Sua conta foi cancelada com sucesso.” Finalmente me livrei desta merda de Orkut. Vou ficar só com o MSN e esta bom demais. No meu perfil só tinha coisas idiotas por causa dos meus amigos e não ganhava nada com isso. Lembro bem da opinião formada que Nanda tem sobre estes sites de relacionamento e agora entendo porque ela não gostava nem um pouco. Enfim, essa página esta virada, agora serei um novo homem para ela e nunca mais vou perdê-la.

   Com minha vida virtual resolvida desligo o computador e retiro da impressora algumas folhas com imagens impressas. Paro diante do espelho e ajeito meu cabelo deixando-o de ladinho, um pouco gay em minha opinião, mas hoje é um dia especial. Vale a pena. Tudo pronto apanho minha pasta preta, enfio as folhas dentro e saio do meu quarto.

 

- Tem certeza que é isso que você quer fazer? – Minha mãe questionando meu plano mais uma vez. Ela não cansa não?

- Vou mãe, já disse. – Ergo a cabeça e faço cara de cansado.

- Ainda acho que você não é bom o suficiente para a Fernanda. Veja, ela esta construindo um futuro tem tudo pela frente e você Leandro? Mal sabe o que quer fazer da vida. Acha que amor sustenta uma família? E se numa doidera sua quando estiverem juntos de novo acontece alguma coisa e estraga a vida dela, o que vai ser de vocês?

- Calma ai mãe, tá querendo dizer o que? Que vou engravidar a Fernanda? Que vou levá-la para o buraco? Esta na cara que você não me conhece de verdade. – Meu rosto esta quente, aposto que também esteja vermelho. Ai que ódio.

- Você ainda é muito moleque e não tem responsabilidade com nada Leandro. – Escuto seu típico tom de voz com raiva. - Não estou querendo dizer essas coisas, mas pode vir a acontecer, quem sabe? Minha função é orientar você a tomar a melhor decisão e não pense que estou sendo uma mãe má ou que não o ame, só quero o seu bem e o dela. Se o melhor para a Fernanda é ficar sem você, terá que entender isso e deixá-la seguir seu rumo.

- E você sabe o que é melhor pra ela? Você sabe alguma coisa sobre o que seja melhor neste mundo? Me poupe. Eu te conheço bem mãe e, você não é um exemplo a seguir. – Jogo as palavras com frieza. Antes que ela responda saio da sala deixando-a sozinha.

 

   Mas que merda. Estou tentando conquistar o coração da menina que amo e minha mãe quer destruir tudo? To começando a achar que não sou filho dela, não é possível. Onde já se viu uma mãe dizer uma coisa destas? Só faltou falar que não sente orgulho de mim, ai eu fugiria desta casa dos infernos. Bom, foda-se todo mundo o mais importante agora é a Nanda. Que horas são? Ah, não estou atrasado, que bom.

   Caminho apressadamente para a escola. Ao chegar vejo um Corsa preto parar do outro lado da rua com uma senhora bonita dirigindo. Dona Clarisse. Corro e entro no carro.

 

- Oi Dona Clarisse – Cumprimento com um beijo no rosto.

- Vamos combinar uma coisa esta bem? – Ops, o que será? – Dona Clarisse é coisa pra gente mais velha certo? Chame-me só de Clarisse. Não me lembro de ter pedido isso antes para você Leandro... – Ela parece tentar recordar algo.

- Não Dona... Ah, quero dizer, Clarisse. Não havia me pedido isso antes. – Sorrio um pouco sem graça.

- Então agora esta avisado. – Ela sorri. – Vamos logo pra casa antes que ela chegue.

- Borá lá então.

 

   Nunca pensei ficar tão íntimo assim da minha sogra. Sorrio discretamente. Ela parecia ser tão séria, nunca conversava muito comigo quando ia estudar com a Nanda na sua casa. Acho que isso é um bom sinal de que tudo vai dar certo.

   De carro a casa da Nanda não é longe, levou cerca de 10 minutos para chegarmos. Desço do carro segurando firme a pasta preta. Acompanho Clarisse até o portão e entro em seguida de sua passagem. Não sei por que meus passos estão discretos e cuidadosos, até parece que estou fazendo alguma coisa de errado e alguém pode me pegar de surpresa.

 

- Aqui, pode entrar... – Clarisse abre a porta do quarto de Nanda e tudo continua perfeitamente organizado e perfumado. Aspiro ao aroma e recordo tantas lembranças.

- Senti saudades deste quarto, me sinto bem à vontade. – Sorrio. – Quanto tempo mais ou menos até ela chegar?

- Agora são 14h22min? Ela vai voltar umas 16 horas. Dá tempo de fazer tudo?

- Ah dá sim! Vou arrumar tudo rapidinho e vamos fazer o combinado depois. – Pisco.

- Esta bem. Se precisar de alguma coisa estarei no escritório ok? – Vejo-a sair do quarto.

 

   Agora sou eu e o quarto. Retiro da pasta vários papéis. Organizo cada um conforme seu significado e procuro os lugares perfeitos para pendurá-los. Ah sim, com certeza este tem que ficar aqui no meio do espelho redondo dela. Se esse espelho pudesse falar diria que a mulher mais bela deste mundo é a minha princesa... Suspiro.

   Trabalho! Concentração Leandro. Hum... Este tem que ficar aqui, ela vai enxergar logo de cara, rs. Exato, esses quatro precisam ficar deitados sobre a cama e pra completar... Pego um saquinho transparente e retiro de dentro algumas pétalas vermelha e ajusto ao espaço ideal ao lado das folhas.

   Nossa! Nem parece que fui eu que fiz isso tudo. Estou surpreso. Caraca nem vi as horas! Péralá, sãaao 15:47. Caraca falta pouco pra ela chegar, melhor ir falar com a Clarisse logo. Pego minhas coisas e encosto a porta do quarto. Caminho rapidamente ao escritório e a encontro concentrada no seu trabalho.

 

- Tá tudo pronto Don.. Ah é, Clarisse.

- Ficou bom? Nem vou lá ver agora, quero me surpreender também rs. Mas então, sobrou algum tempinho para acertas os últimos detalhes? – Perguntou um pouco distraída.

- Na verdade não, tenho que correr porque faltam dez minutos para ela chegar.

- Uau, já? O tempo voa caramba. Então tudo bem. Como planejamos, pega a bicicleta vermelha e preta lá nos fundos e volta mais tarde, não posso sair daqui porque estou cheia de trabalho como pode ver. – Vejo a pilha de papeis.

- Sim, imagino. Então tá, valeu mesmo Clarisse. Não sei o que seria de mim se não fosse à senhora. – Aproximo rapidamente e beijo sua face. – Seria o máximo ter uma mãe como você... – Olho para fora e distraio-me por um minuto.

- Não fale assim Leandro, sua mãe deve ser incrível. Mas agora não é hora, depois falamos mais. Corre lá menino. – E num aceno saio do escritório e corro para o fundo da casa pegar a bicicleta.

 Leandro não pensou em mais a não ser pedalar para a praia e esperar o horário certo para agir. O que ele fizera no quarto de Nanda poderá mudar todo o curso dessa história. Uma surpresa que ela nunca imaginara receber em toda a sua vida.

 

Mas não estou indo embora

 

   Capítulo narrado em terceira pessoa.

   Fernanda chegou a sua casa como de costume. Cabisbaixa, pensativa e com alguns cadernos nas mãos. Queria apenas deitar em sua cama e tentar esquecer mais um dia da sua vida solitária e cansativa.

A jovem prosseguiu até o escritório da mãe e a cumprimentou com um beijo e um abraço carinhoso.

 

- Como foi seu dia? – Perguntou Clarisse ainda com o foco na tela do seu notebook.

- Ah foi cansativo mãe... Nada diferente dos outros dias só estudo estudo estudo. – Diz a garota com ar de cansada.

- Você não devia estudar tanto assim Fernanda, já lhe disse. – Agora a senhora se vira para ela com o olhar que Nanda já conhecia. “Lá vem lição de moral” pensou. - Você é jovem tem uma vida inteira pela frente. Devia aproveitar um pouco mais da sua juventude. Até entendo que você queira ter uma vida profissional grandiosa, mas esta exagerando filha. Eu gostava da época em que você saia com o Leandro, passeava, namorava um pouco. Deu para perceber como você melhorou, só que agora... – Acaricia a face da jovem.

- Ai mãe... – Suspira. – Eu sei que a senhora esta certa sobre eu me divertir mais... Só que... – Ela se cala.

- Só que?

- Só que não dá para eu fazer isso sozinha. Meus colegas não são o tipo que gostem de curtir e tals... E o Leandro... Acho que já pedi pra não mencionar o nome dele né?

- Olha Nanda sei que o que vou dizer vai te deixar brava, mas to começando a pensar que você foi um pouco injusta com ele também né? – Nanda arregala os olhos. – Antes que você me interrompa com seu discurso gostaria de conversar com você sobre o que tenho pensado nos últimos dias... Como sua mãe, tenho o direito de informar minha filha de tudo que ocorre a sua volta quando você não esta prestando atenção. Pensa comigo Nanda, você não acha que tratou mal o Leandro uns dias antes de dar a notícia? Você não acha que deveria ter compreendido melhor o rapaz em relação a atitude dele? Porque se você for reparar ele não estava preparado praquilo, você simplesmente o ignorou por dias deixando-o perturbado e do nada diz que vai embora. Claro que ele não permitiu contar o resto e você nem ao menos tentou, mas no meu ponto de vista os dois estavam errados e você deveria pensar sobre isso. – Clarisse finaliza seu discurso com uma expressão séria deposita um beijo no topo da mão da filha e retorna ao seu trabalho.

    Sem acreditar em tudo que escutou no momento, Fernanda se retirou do escritório e caminhou para seu quarto. Todas aquelas informações que ela não havia pensado antes estavam agora explodindo dentro do seu cérebro e um sentimento de culpa começou a brotar em seu coração. Antes de abrir a porta percebeu que a mesma estava desencostada e ela não havia deixado assim antes. Aos poucos empurrou a porta e encontrou o quarto diferente, realmente diferente.

   O que seus olhos virão destroçou seu coração e lágrimas brotaram em seus olhos. Diante de si estava a maior homenagem feita a ela em toda a sua vida. Papéis estavam pendurados na parede, uma imagem fora colocada na tela de seu notebook, uma foto fora encaixada bem na tampa da sua caixinha de jóias. Em cima da cama havia cartas e um buque pequeno de uma flor que ela não conhecia. O quarto estava enfeitado com vários tipos de papeis que contem frases, fotos, textos, figuras cortadas e coladas. Porém havia uma pequena bolinha de papel sobre a estante ao lado do notebook. Fernanda o pegou e o desdobrou encontrando uma frase escrita a mão “Te amo” e um coração pintado de vermelho. Devagar ela puxou a cadeira e se sentou. Ficou ali por um tempo parada boquiaberta extremamente emocionada. Mas como? Como isso tudo teria acontecido? Como ele teria entrado aqui e feito isso se a mãe dela permanecera na casa o dia todo? Será que...?

 

 - A Dona Clarisse, você é uma pessoa danadinha mesmo! – Comentou para si mesma em meio a uma risadinha. Num reflexo apertou o papel em sua mão. – Leandro... – Sussurrou.

    Com a cara e a coragem Fernanda enfim se levou, pegou todas as cartas e sentando-se sobre o tapete lilás começou a ler uma por uma. Clarisse discretamente observou a filha e sorriu ao vê-la sorrir. Rapidamente se retirou e discou um número no celular.

 - Leandro? Oi é a Clarisse.

- Oi Clarisse e então ela viu? Ela ta furiosa?

- Calma! Pelo que parece ela gostou. Pode vir.

- Tem certeza? Ela não estava só fingindo?

- Como que ela ia fingir se nem sabia que eu estava olhando Leandro? Ora, toma juízo.

- KK esta bem então. Acha que vou conseguir reconquistar sua filha?

- Você só vai descobrir se voltar logo pra cá, não quero ficar dando explicações pra ela já que é você quem deve fazer isso.

- Ok, estou voltando.

    Rapidamente o rapaz pegou a bicicleta e pedalou mais do que suas pernas agüentavam. No caminho cogitou várias situações que poderiam acontecer. Nanda poderia gostar da surpresa, mas rejeitá-lo; poderia gostar da surpresa e aceitá-lo de volta ou simplesmente odiar tudo e mandá-lo para o inferno.

    Sem pressa, mas muito curiosa Fernanda lia carta por carta. Em sua face lágrimas escorriam de felicidade e seu coração disparado parecia sair pela boca. Nunca em sua vida imaginara tamanha surpresa, considerava-se uma menina simples sem muita coisa a oferecer para o mundo exceto sua sede por conhecimento e agora estava ali, sentada no meio do seu quarto lendo cartas escritas pelo menino que tanto amou durante todo o período fundamental da escola e que ainda ama.

   A carta que Leandro havia escrito antes de todas estas enfim fora aberta. Nanda esperava mais juras e declarações de amor, mas o que ela encontrou foi pedido de desculpas e esclarecimentos. “Como, como pude ser tão burra e não entendê-lo?” Pensou. Ao terminar de ler a carta a abraçou fortemente ao peito e aspirou um leve aroma que vinha dela.

 - Seu perfume... – Sorriu ao lembrar o doce cheiro dele. – Que saudades...

 Ela não percebeu, mas alguém estava parado bem escondido atrás da porta a mirando silenciosamente.

 

Nós sabemos que eu podia achar que estou louco

 

- Fernanda?... – Desvio sua atenção.

- Leandro?! – Pergunta-me assustada pelo que percebo.

- Posso entrar?

- Ahn... Po-pode... – Ela parece estar sem palavras, sorrio.

- Gostou? – Faço um gesto com a mão referindo-me a surpresa.

- Sim... Mu-muito. – Sorri sem graça.

- Posso me sentar ao seu lado?

- Aham. – Sento-me ao seu lado.

- Ah, você esta lendo essa carta? – Sorrio agora eu que estou sem jeito. – Foi a primeira que escrevi, ela me inspirou a fazer tudo isso. – Coço a cabeça. Vejo-a sorrir.

- É? Gostei muito dela. – Percebo que ela tenta esconder o rosto para evitar uma lágrima. Chego mais perto e passo o braço a sua volta.

- Não chore Nanda, por favor.

- Não estou chorando Leandro... – Diz enquanto enxuga a teimosa lágrima.

- Então tá, assim fico mais contente. – Acaricio seu cabelo.

- Senti falta disso... – Sussurra.

- Do que?

- Do seu carinho, do seu abraço, da sua voz... – Sua voz some. E você nem imagina o quanto eu senti a sua falta, penso.

- Hum... – Comento, na verdade nem sei o que dizer tudo que tinha para dizer esta escrito nestes papeis. Acho melhor esperar ela falar alguma coisa.

- Estou me sentindo perdida Le. – Fala após uns minutos de silêncio. Aperto carinhosamente seu ombro para confortar-lhe a dizer. – Depois daquele dia não soube fazer nada direito, estou com um buraco enorme dentro do peito, tenho vontade de chorar com tudo e sinto sua falta em cada coisa que faço. – Ela me olha com os olhos lacrimejando.

- Nanda... – A aperto contra meu peito e beijo o alto da sua cabeça. Droga, isso é hora de chorar? Lágrimas sacanas. Discretamente com a outra mão passo sobre elas e seco meu rosto. Ela se afasta e me olha.

- Por quê? Por que fez isso comigo?

- O que, a surpresa?

- Tudo Leandro, tudo! Dei meu coração pra você e tudo que você soube fazer foi esmigalhar ele em mil pedaços. Doeu e acho que ainda dói demais aquela cena na sua casa. Nunca senti tamanha dor e agora – Ela diz apontando para os papéis. – agora você vem a minha casa, entra no meu quarto deixa tudo isso esquematizado pedindo-me desculpas como se eu fosse aceitar e esquecer tudo o que aconteceu! – Percebo ela mordiscar o lábio inferior, com certeza ela esta muito nervosa.

- Mas Nanda eu... Eu não tive culpa aquele dia! – Altero um pouco a voz nas últimas palavras.

- Eu tinha outras coisas para te contar. Achou mesmo que era só aquilo? Que eu teria coragem de ir embora assim, sem você? Fala sério. – Ela diz com desdém.

- Tá bom, eu sei que errei ao reagir daquela forma contigo, mas po, você estava me ignorando Nanda, estava me evitando, pensei mil e uma coisas que poderia ter acontecido com você e não cheguei a nenhuma conclusão. Ai assim, do nada, você diz que vai morar em Londres, sinceramente não sei o que você esperou de mim ao escutar esta notícia. – Ergo as mãos na altura do peito. Ela suspira.

- Nesse ponto você tá certo Le, eu não devia ter te tratado daquele jeito, mas eu tinha só alguns dias para dar à resposta a escola sobre aceitar ou não e eu estava divida entre ficar aqui com você ou ir para lá. Não foi fácil pra mim também e eu achei que você fosse entender me apoiar de alguma forma. Mas pelo visto eu me enganei... – Vejo-a sentar na cadeira. – É tudo muito lindo, amei essa surpresa, mas isso não me garante que você vá me entender no futuro ou me apoiar. Desculpa Le, só que não vai dar. – Tendo escutado isso sinto uma pontada no meu peito. Respiro profundamente e acalmo a euforia que quer se espalhar pelo meu corpo. Fecho os meus olhos por alguns segundos e logo abro. Olho para ela, que cabisbaixa e chorando e me aproximo.

- Fernanda Reis – Digo com uma voz determinada. Viro sua cadeira e a deixo de frente para mim. Ajoelho-me para ficar olho a olho com ela. Seguro suas mãos. – Eu não paguei o maior mico na escola e nem te pedi em namoro na frente de todo mundo pra lhe perder desta forma. Eu não me transformei totalmente por você pra vê-la partir – Enfatizo a frase seguinte. – Eu quero você, eu amo você, o meu futuro só vai ser incrível se você estiver ao meu lado. Eu assumo os meus erros e estou inteiramente disposto a mudá-los e me tornar um cara melhor do que você me conheceu. – Pauso um pouco e respiro. Retomo. – Só te peço uma chance... Volta comigo? – Aperto suavemente suas mãos.

- Eu... – Mordisca novamente os lábios. Vejo-a olhar para os lados evitando me encontrar. – Eu... Acho que preciso pensar Leandro. – Surpreendo-me ao escutar a resposta.

- Pensar? – Ergo ainda anestesiado e logo sento na cama dela ao lado do buque.

- Espero que você me compreenda desta vez, pois eu preciso pensar. Minha cabeça esta confusa é muita coisa para eu absorver preciso descansar...

- Tudo bem. – Digo depois de um longo suspiro. Levanto-me e caminho em direção a porta. Antes de sair paro e com uma mão segurando a porta acrescento. – Pense o quanto precisar, mas não esqueça que estou esperando, esperando você. Fico louco sem o seu amor... – Finalizo e saio.

 

   Não espero que ela venha atrás de mim ou que se deixe levar pela emoção do momento. Conhecendo bem esta menina sei que ela sabe se controlar perfeitamente e que tudo tem de ser pensado antes de uma decisão. Agora entendo porque ela ficou estranha por três semanas, foi o tempo que usou para decidir o que faria. Porém, eu a aceitei assim eu disse que não me importava com os teus defeitos, não posso ser um cretino mais uma vez, mesmo que ela não me aceite ficarei feliz porque eu saberei que ela pensou em tudo e vai buscar o melhor para a sua vida. E o que eu poderei fazer contra isso se o que eu mais quero para Fernanda é o melhor? Se eu não sou o melhor irei pelo menos apoiá-la com suas decisões... Bom, isto é, se ela ao menos me aceitar como amigo. Sorrio de lado e balanço a cabeça de forma negativa. Quem eu quero enganar? Não dá para ser só amigo dela, eu quero é ser o homem da vida dela. Cerro meus punhos e soco a parede do muro da casa dela.

 

- Ai cassete! – Resmungo por conta da dor. – Melhor ir embora... Preciso esfriar minha cabeça tanto quanto ela. – Falo para mim mesmo.

 

   Caminho pela rua olhando tudo a volta. Enquanto faço o meu trajeto a pé até a minha casa observo como o mundo se comporta, como todos convivem. Será que em algum lugar teria outro alguém vivendo a mesma situação que eu? Será que é tão comum sofrer por amor? Será possível existir um casal que é plenamente feliz? Por mais que seja impossível, eu gostaria de poder ser assim um dia.

    De cabeça baixa sigo o meu rumo pensando na vida e no todo. Refletindo sobre coisas que nunca havia pensado antes.

 

Agora mesmo estou sem direção

Capítulo narrado em terceira pessoa.

 

Vários dias se passaram até completar 10 dias depois da surpresa na casa da jovem Nanda. O mês de julho passou rápido sobrando para Leandro e ela cinco dias de férias.

Leandro manteve-se calado todos os dias. Sua mãe, seu irmão e seu pai pouco presente puderem perceber a mudança de humor no rapaz e tentaram de diversas formas o alegrar.

 

- Oi meu filho, como você está?

- Ah... Oi pai, to legal. – O jovem permanece imóvel deitado na cama escutando música. O robusto homem alto, com os cabelos grisalhos senta-se ao lado dele.

- Você anda muito distante do mundo Leandro, não que acho isso seja bom para você.

- E você ao menos sabe alguma coisa sobre mim? Sabe o que é ou não bom para a minha vida? O dia que souber me avisa falou? – O jovem vira-se ficando de costas para seu pai.

- Isso não é jeito de falar com o seu pai Leandro! – Cláudio o recrimina, mas é ignorado. Suspira fundo e tenta mais uma vez. – Olha meu filho sei que não ando sendo um pai muito presente, mas tenho tido muito trabalho na empresa e vocês precisam entender isso. Gostaria muito de poder te ajudar com essa história da menina, nunca fui muito bom em orientar você sobre meninas, sabe disso, mas quero ajudar no que você precisar. – Apóia a mão sobre o ombro de Leandro. Este rejeita o afeto e o olha dentro dos olhos.

- Ter os seus conselhos é a mesma coisa que ter nada, pai! – O jovem fala a última palavra em tom de ironia. Cláudio sem saber o que fazer simplesmente se levanta e sai do quarto.

 

A situação com seu pai sempre fora complicada. Cláudio nunca foi presente na vida do filho e depois da promoção para gerente do Departamento de Comunicação da empresa Fusione as coisas só complicaram. Praticamente ele mora na empresa e não na casa da sua família. Na vida de Leandro ele não é nem de longe o mais importante, não faz muita questão de falar sobre ele a quem quer que seja. Fernanda tentou ajudar o rapaz a ter um interesse familiar pelo pai, mas não conseguiu e hoje tudo que restou dessa relação pai e filho foi um oi e tchau. Isso quando ele consegue ver o pai, que sai de manhã e volta só sabe-se Deus quando.

 

- Ei Leandu quero joga videogame de carrinho. – Pedrinho diz carregando o controle remoto do videogame.

- Puts maninho hoje não to legal pra jogar...

- Aaaaah mas eu quero joga vai, vamo lá! – Pede o pequenino insistentemente.

- Olha Pedrinho, que tal outro dia hã? O Leandu quer ficar sozinho, to cansado. – Faz cara de cansado pra tentar convencer o irmão.

- Tá bom... – Diz o menino cabisbaixo com voz tristonha retirando-se do quarto.

 

Leandro suspira. Odiava ter de tratar assim o seu irmão caçula, mas ele não podia enganá-lo ou fingir estar se divertindo quando na realidade não estava. Sempre fora um irmão atencioso e companheiro para Pedrinho, coisa que seu pai nunca foi, e o pequenino perceberia mesmo sem entender que o irmão não estaria bem.

Cansado de ficar só deitado na cama o jovem se levanta. Da alguns passos pelo quarto e para na janela. Olhando para qualquer lugar ele procurava o que já sabia que não encontraria ali, ela. Levou sua mão direita para o alto da sua cabeça e penteou seu cabelo para trás. Quanto tempo ele não o cortava? A franja estava alcançando os olhos e a ponta da parte detrás incomodando a sua nuca. Ainda que não tivesse idade suficiente para a barba começar a nascer o rapaz já podia sentir alguns pelos na parte do seu queixo. Analisando melhor o seu reflexo na janela os enxergou e pela primeira vez em dias se pegou dando um pequeno sorriso de lado. “É Leandro... Você esta ficando cada dia mais velho e o seu coração cada vez mais cansado.” Pensou.

Sua mente estava longe e não pode perceber a presença de outra pessoa no quarto.

 

- Le?...

- Você?

- Vim saber como você esta.

- Se veio pra dizer mais uma daquelas suas bobagens nem perca o seu tempo. Não to legal pra ouvir qualquer coisa.

- Caso você não tenha se esquecido sou sua mãe Leandro e não vou admitir que fale desse jeito comigo. – Vivian retruca.

- Tá bom mãe desculpa. – Responde sem vontade. Pelo reflexo do vidro ele vê sua mãe sentar-se na sua cama.

- Eu vim te pedir desculpas filho... Sei que naquele dia eu não fui a melhor mãe do mundo, mas achei que sendo um pouco dura com você estaria te ajudando. – Vivian observava o filho enquanto falava e esperou a pior reação do mundo da parte dele. Depois de um longo suspiro ele se virou.

- Tudo bem. Você e nem ninguém tem culpa do que ta rolando, só eu mesmo.

- Mas meu filho você não pode se culpar, as coisas acontecem e nós não podemos fazer nada para impedir. Você não pode se culpar só porque explodiu aquele dia, a vida é assim mesmo. Altos e baixos.

- Acho legal o que você tá falando mãe, mas na boa eu não entendo muito bem não. – Sua feição fica confusa. Sua mãe sorri e o chama para sentar ao seu lado, o rapaz vai e senta.

- Le é normal você não entender muita coisa no momento, você tá descobrindo o mundo, ta vivendo coisas que nunca esperou viver, essa é a hora que você vai errar e aprender com os seus erros, então não se feche, não se prenda a solidão. Por mais que pra você nada esteja fazendo sentido, no final tudo vai se encaixar. O tempo responde qualquer pergunta, cabe a você ser paciente para esperar elas aparecerem. – Vivian o olha com carinho e pela primeira vez depois de muito tempo Leandro se sente seguro e amado.

- Valeu mãe. – A abraça.

 

Deste momento em diante Leandro passou de menino deprimido para menino determinado. Passou a revisar o conteúdo da matéria de inglês e procurou uma escola de idiomas para se matricular pro segundo semestre. Se Fernanda estava decidida a ir para Londres, com ela ele iria. Arriscaria tudo por ela sem medo de errar, pois se a certeza da sua felicidade estava com aquela menina não haveria motivos para ele se preocupar. O que tiver de ser será.

 

Eu só quero que você saiba que eu estarei aqui, esperando - Último capítulo

   Ótimo, hoje as aulas retornam e eu estou cagando de medo pra ser bem sincero. Caramba, estou acabado ou o cara que esta atrás deste espelho não sou eu... Aff, tanto faz. Hum, já são 6:30 mais dez minutos e eu vou para o colégio. Será que ela vai estar lá? Será que ela vai falar comigo? O que pode acontecer? Putz! Vou ver o pessoal, vão encher o meu saco estou até vendo. Fiquei sem falar com o povo as férias inteiras, ignorei um monte de colegas e teve aquele incidente com o Carlinhos no lual... Ai ai, vou ter que dar satisfação pra todo mundo. Mas quer saber? Foda-se todos eles, se é pra tirar a minha paciência logo hoje tô legal.

 

- Vamos Leandro?
- Vamos sim mãe... – Pego minha mochila e o boné.
- Você esta bem? – Ela me pergunta levantando meu boné que até então eu havia colocado baixo para tampar meu rosto.
- To sim mãe, to suave. – Abaixo o boné de novo.
- Não sei, mas estou achando você estranho Le. – Ouço sua desconfiança.
- Ah mãe não tem nada não.
- Hum, se você esta dizendo... Só não vai se meter com drogas tá o “mano”. – Isso foi uma piada?
- HAHA, super funny mãe. – Faço cara de AFF pra ela. Percebo uma risada abafada.

 

   Sem perder meu tempo dando atenção a essas piadinhas da minha mãe vou concentrar meu foco na escola. Hoje eu vou tomar alguma atitude, pelo amor. Não posso esperar a vida inteira por alguma novidade da Fernanda. Se ela quis se vingar de mim (coisa que acho impossível, mas vai saber) com certeza ela conseguiu. Estou louca de ansiedade em saber o que se passa naquela cabecinha tão linda... – Suspiro. – Será que ela vai gostar da minha decisão? To com medo dela vir com aquele papinho furado que meninas tem mania de falar “Ai não quero estragar a sua vida, você vai encontrar outra menina que saiba te dar valor, bla bla bla.” Tão típico, não vou querer ser mais um cara a cair nessa farsa... Já determinei a minha vida e vai ser ao lado dessa garota, CQC!
   Que interessante o tempo esta ficando bonito hoje. – Observo o céu. – Tudo indica que o Sol vai surgir forte e rigoroso como sempre, isso vai ser bom pra mim, aah com certeza vai.

 

- Hey, Leandro? Filho? – Sinto uns chacoalhes.
- Hãn?... Que foi mãe?
- Já chegamos filho, eu ein... Você tá virado pra Lua hoje. – Vejo sua careta estranhando-me.
- Hoje É um dia estranho pra mim mãe.
- Imagino que seja.
- To indo nessa, beijos. – Deposito um beijo em sua bochecha.
- Tchau bebe da mamãe, qualquer coisa me liga?
- Que? – Faço uma cara de quem não entendeu nada.
- Ué, você ainda é meu bebe, ou acha que só por que esta com alguns probleminhas e tá ficando mocinho vai deixar de ser?
- Receio que sim... – Respondo com a típica careta de desconfiado.
- Casado, com filhos e com dívidas você ainda será meu filhinho. Agora vá para a escola que já esta ficando tarde. – Levo um susto ao sentir o vidro do carro se levantar. Faço um jóia pra minha mãe agradecendo a consideração. Vejo-a acenar para mim e partir no seu carro Fox preto.

 

   De frente para o portão azul marinho da escola respiro profundamente. Olho para o lado esquerdo e me vem a memória a lembrança de alguns meses atrás quando fiz toda aquela loucura de amor pra conquistar de vez a minha princesa... É, aquele dia eu devia estar muito louco. – Sorrio. – Então, chegou a hora. – Subo as escadas e cruzo o pátio. Esbarro com alguns rostos familiares e cumprimento alguns colegas. Chego a minha sala e lá estão, todos que eu um dia considerei serem meus grandes amigos, mas que na real eram só alguns interesseiros.

 

- Eaaaaaai Leandro, cara você sumiu nessas férias, tentei te procurar de todo o jeito. Putz velho, você perdeu muitas festas. – Carlinhos aparece de repente ao meu lado me abraçando e dando alguns tapinhas em meu peito. – Por que não retornou os meus telefonemas? Te procurei em tudo quanto é lugar, até no Orkut, mas você deletou a conta, por que? Só quero que você saiba que eu não levei a mal aquele dia no lual lá beleza? Não foi culpa sua.
- Ow ow ow, calma ai Carlinhos, eu sou só um. – Freio o seu questionário repentino.
- Foi mals.
- Sei que não pedi desculpas pra você depois daquele acidente, foi mal mano.
- Pega nada não, relaxa. Mas por que sumiu?
- Não estava legal e nem afim de fazer nada nessas férias. – Respondo com desdém.
- Porra, essa menina ai transformou você em um mané. Olha só pra tua cara, todo acabado. Tu tá precisando de uma festinha isso sim.
- Sabe do que eu to precisando? De paz! Vaza daqui Carlinhos, não to procurando dor de cabeça hoje não. Se não quiser levar outro soco igual aquele dia melhor nem falar comigo hoje. – Falo olhando seriamente pra ele. Vejo a expressão de surpresa surgir em seu rosto.
- Se é assim... – Ele se retira olhando pra mim confuso.
- E vocês tão olhando o que? – Falo olhando para os curiosos ao meu redor olhando-me com espanto.
- Nada... Nada... – Alguns resmungam e fingem fazer outras coisas.

 

   É, comecei bem o dia. Ninguém vai encher a minha paciência por um booooom tempo. Que bom. Putz, que aula é hoje mesmo? – Olho em meu caderno. – Aff, história. Algo inútil para a minha vida. Nomes que nunca mais vou lembrar, fatos que não mudam nada no meu cotidiano. Se a Fernanda pegasse esses meus pensamentos com certeza ela me daria o maior sermão. – Sorrio ao imaginar a cena. – O intervalo tem que chegar logo, esperar é a pior parte. Mas agora sou paciente e sei esperar. - Aiii... – Resmungo ao sentir uma coisa acertar a minha cabeça. Olho pros lados e depois pro chão e vejo uma bolinha de papel. “Oii Le, é a Camila.” Ao ver de quem se tratava a procuro na sala. Lá estava. Retribuo o aceno que ela fez, mas sem a maior vontade de fazer. Percebo que ela pede para eu responder, afirmo com a cabeça. “O que você quer?” Escrevo e jogo de volta sem que o professor veja. Espero alguns minutos e a bolinha de papel retorna. “Queria te dizer que esta super gatinho, rsss...” Olho pra ela na intenção de dizer “Você é retardada?”, mas acho que ela não entendeu. “Valeu.” Escrevo de qualquer jeito e retorno a bolinha. Não sei por que, mas a aula de história de repente ficou interessante. De novo, ai Deus. “Uma pena você ter ido embora tão rápido da minha festa, eu queria te contar um segredo...” Como se isso fosse super interessante pra mim. Não vejo a hora desse ano acabar e ir embora com o meu amor para bem longe daqui. Antes eu já achava tudo isso esquisito, mas aceitava. Hoje parece que meu cérebro foi destampado, vejo tudo isso de um jeito diferente. Não quero ser mais um mané, que não tem vontade de ser alguém interessante, quero ser grande, quero fazer algo maneiro pro mundo. Simplesmente quero fazer a diferença.

- Psiiiiu. – Escuto e olho para o lado. Camila me aponta o dedo na intenção de pedir que eu responda o papel. Afirmo com a cabeça. “Ah é? Ainda bem que eu fui então.” – Sorrio para mim mesmo. – Jogo a bolinha com força e consigo atingir bem no rosto dela. Percebo sua expressão de susto e vejo os olhos se arregalarem. Ela me sinaliza aquele típico “Você esta louco?” Fazendo círculos com o dedo indicador. Faço um sorriso malandro e a ignoro. Caramba, como a história trás tantos fatos macabros que nem parece verdade. Se for parar pra pensar conquistamos tantas coisas hoje, mas por alguma razão agora esta sendo distorcido. Os jovens lutaram tanto pra ter sua liberdade, tantos morreram na época da ditadura e o que temos hoje? – Olho para a sala e vejo pessoas alienadas, idiotas, tão panacas que não sabem a diferença entre o sal grosso e açúcar em cubos. Ok, péssima comparação, mas não veio nada melhor. Mas não posso julgá-los, afinal eu também era assim... Eu sabia, desde o momento em que meus olhos encontraram com os dela tudo mudaria. Levou certo tempo até eu descobrir o que se passava comigo quando a via em algum lugar da escola. O coração disparado, meu punho cerrando-se sozinho e como nesses curtos momentos minha atenção era direcionada somente para ela. Um dia, por coincidência um colega, o único colega que eu achava legal e que se mudou, começou a falar sobre gostar de garotas. 

 

Flashback

- Hoje em dia tá foda achar alguma menina daora pra namorar, levar a sério. Veja só – Ele dizia apontando para as piriguetes que passavam. – Todas praticamente dadas! Não se valorizam mais, esse papinho de ganharem os mesmos direitos que homem foi uma merda pra sociedade, agora elas acham que é bonito serem putas. – Ele falava com a maior indignação. E foi ai que eu percebi que Fernanda não era como as outras. Nunca a vi assanhada com algum moleque do colégio, sempre estava com livros nas mãos e a maior parte do tempo sozinha. O seu olhar sempre mostrou respeito, serenidade, uma segurança que confesso, me dava medo. E depois dessa conversa acabei confessando a ele o que eu havia descoberto.
- É Thiago, você tá certo mano. Essas meninas ai tão com nada, mas ai você acabou de me clarear uma coisa.
- O que?
- Faz um tempo que eu ando ficando meio esquisito por causa de uma menina.
- E quem é ela Leandro?
- Ela é do segundo ano também, só que daquela sala que ficou isolada lá no outro corredor junto com os pivetes do primeiro ano, sabe?
- Aham.
- Então, ela é dessa sala e ainda não descobri o nome dela.
- Me mostra quem ela é que faço esse favor pra você, mas o que você descobriu mesmo? – Ele riu nessa hora por estar querendo me ajudar e nem sabia o que estava rolando.
- KKKKK Só você mesmo... Então, acho que eu to gostando dessa garota. – Digo sentindo uma sensação de alivio.
- Sério? Nunca vi você ficar interessado por ninguém, como isso aconteceu? – Ele me pergunta interessado.
- Sei lá, um dia desses estava encostado ali na quadra com os outros meninos e a vi passar. Enquanto eu olhava ela passar fui pego de surpresa porque ela me olhou, e foi bem nos olhos, caralho Thiago, tu tinha que ter sentido o que eu senti. Foi como se a gente estivesse naqueles nossos jogos de videogame, numa missão e estamos observando o alvo e do nada somos acertados por um tiro. O olhar dela deu um tiro em mim e tipo, depois disso, fiquei louco por ela. – Enquanto eu ia explicando a ele sobre o que rolou sua cara mudava de expressão toda hora. Surpreso, desconfiado, tentando imaginar, queria dar risada. Até eu não botava fé no que estava falando.
- Meeu, que história ein Leandro, tu não tá gostando dessa menina você já esta apaixonado por ela! Caraaaaaio...
- Pois é, agora não tenho a menor ideia do que fazer.
- Como eu disse me mostra ela depois que eu dou um jeito de descobrir o seu nome. Mas vê se não vai ficar parado feito estátua sem dar nenhuma iniciativa ein. – Recebo uns tapinhas no ombro.

Fim do flashback

 

   É relembrar esse dia me da mais coragem pra reconquistar Fernanda. Caramba, não é um sentimento passageiro é amor pra valer, tenho certeza disso.

 

- Leandrooo!!! – Escuto alguém falar meu insistentemente. Olho para ver quem é e descubro ser o professor.

- Ahn, sim professor?

- Você poderia repetir o que eu acabei de explicar?

- Não. – Respondo na maior cara de pau.

- Então vamos prestar mais atenção na aula? – Concordo com a cabeça.

 

   Com certeza pensar em Fernanda é bem melhor do que prestar atenção em você. Sinto um cutucão no meu ombro e olho para trás.

 

- Que foi?

- Tó, a Camila pediu pra te dar. – Pego um pedaço de papel.

 

   “Estou louca pra te dar uns beijos, vamos nos ver depois da aula?” Ah, só pode ser sacanagem comigo mesmo. Nem vou perder meu tempo olhando pra cara dessa menina escrota e muito menos responder o seu bilhete. Caralho, bem que o Thiago tinha razão mesmo. Amasso o papel e levanto para jogá-lo no lixo. Aproveito e peço para o professor permissão para ir ao banheiro.

 

- Vai lá Leandro e aproveita pra passar uma água no rosto, você deve estar com sono ainda. – Ele tentou ser engraçado? Foi isso que eu entendi? HAHA, que escola de loucos.

 

   Caminho pelo corredor e passo olhando dentro das salas. Observo por um momento as paredes do colégio, caramba, elas são cinza. Não tinha cor melhor para pintar? Isso aqui parece um presídio. E esse portão aqui na saída do corredor? Se algum maluco viesse aqui para nos fazer de reféns seria muito fácil. Trancava esses portões impedindo a saída dos alunos dessa parte da escola e já era. Ai ai... Ué, mas o que é aquilo ali? – Vejo alguns alunos montarem os instrumentos de música da escola e ajustar os microfones no pátio. - Será que vai haver alguma apresentação hoje e não nos avisaram de nada? – Dou de ombros. – Tanto faz, só quero que o intervalo chegue logo para falar com Nanda. – Paro no bebedouro e aperto o botão. Aprecio a água gelada e logo me direciono para o banheiro. Pato diante do espelho. – Realmente, estou com uma cara de bunda sem igual. – Sorrio e jogo um pouco de água no rosto. Apanho uma toalha e seco o rosto. Retorno para a minha sala.

   Entro na sala sem dar atenção aos olhares que me perseguem. Sento na minha carteira e finjo estar prestando atenção. Olho para o relógio e fico feliz, faltam 10 minutos para dar o intervalo.

 

- Então é só isso por hoje pessoal. Para a próxima aula eu vou querer que vocês leiam o texto da página 55 e tragam dúvidas.

- Tá boom. – Algumas vozes respondem.

 

   Bom, é isso ai. Esta quase na hora. Só esperar o professor fazer chamada e o sino tocar e vou correndo pra sala da Fernanda. – Cruzo os dedos. – Espero que ela esteja lá. Ei, o que é isso? – Escuto barulho de música, uma voz falando “Testando, testando.”

 

- Ow, o que é isso? – Um garoto do outro lado da sala pergunta pra alguém.

- Professor vai ter alguma coisa hoje que não sabemos?

- Pra mim não passaram nenhuma informação. – Ele responde sem olhar pra quem fez a pergunta.

- Vish, eu conheço esse som ein. – Olho para a menina que comentou. – Parece a melodia da música I Will Be, da Avril não parece Lana?

 

   I will be? Esse nome não é estranho… Onde será que eu já ouvi falar? – Penso. – Odeio não lembrar uma coisa. “Atenção todos os alunos queiram por gentileza comparecer ao pátio.” Uma voz feminina surge um pouco ecoada assustando todo mundo. Vejo a movimentação surgir e todos quererem sair correndo.

 

- Pera ai todo mundo ainda não terminei a chamada. Assim que terminar vocês podem sair. – Como era de se esperar todo mundo resmunga e retornam para seus lugares. Que bom que nem me movi.

 

   Passasse uns minutos e o professor nos libera. Agora é a hora de eu procurar ela, se a conheço bem com certeza vai ficar num lugar bem afastada escondida de todo mundo. – Saio da sala e tento passar por todos, nunca havia notado como esse colégio tinha aluno. Enfim chego ao pátio e já focalizo meu olhar para os cantos mais afastados e com poucas pessoas. – Merda, aonde ela esta? Com tanta gente assim vai ser complicado localizá-la. – Sou empurrado sem querer.

 

- Foi mal ai. – O sujeito se desculpa e eu finjo não escutar. Continuo a passar pelo povo e finalmente saio da aglomeração. Depois do pátio tem um espaço aberto e a quadra, entre esses dois eu paro e continuo procurando por ela. – Mas e se ela não estiver interessada em saber o que é isso e tiver ido pro seu lugar favorito? Bingo! É pra lá que eu vou.

 

   Rapidamente vou para trás do bloco de salas passando pela quadra e viro à direita. Na esperança de vê-la sentada no banco ao virar vejo que não há ninguém aqui. Cabisbaixo, sento-me no banco e paro pra pensar um pouco. Foda que nem isso eu posso já que a mesma voz que pediu a presença de todos volta a se dirigir ao microfone.

 

“Atenção alunos, peço a gentileza novamente de que se localizarem o aluno Leandro do segundo B que o traga aqui para frente.” Pera aí? Ela quer que eu esteja lá, mas por que...? FERNANDA! Levanto rapidamente e corro para o pátio. Agora cortando caminho entre os dois blocos de sala, desviando-me de algumas árvores, entrando no corredor que dá acesso ao outro corredor e indo para o pátio.

 

- Ali está ele, correndo, olha! Vem pra cá Leandro! – Escuto as meninas da minha sala me chamarem.

- O que tá acontecendo? – Pergunto eufórico.

- É pra você ficar aqui na frente de todo mundo.

- Pra que? – Pergunto confuso, procurando por ela.

- Não sei, mas vai logo que a gente quer descobrir.

 

   Sem parar pra pensar fico adiante de todos, de cara com a “banda” misteriosa. Ah, agora eu sei quem estava falando, a Joyce do segundo C. Só sei que é ela porque o Carlinhos teve a moral de ficar com ela ano passado. – Dou umas risadas disfarçadas e volto a prestar atenção no que ela falará.

 

- Ah Leandro você esta ai! – Faço um jóia tentando não chamar muita atenção. – Beleza, tudo pronto ai gente? – Ela pergunta pros meninos que estão terminando de ajeitar os instrumentos. Depois de uns segundos eles concordam. – Perfeito. Então podemos começar...

 

   E assim a menina volta para o seu lugar e pega o violão que estava sobrando. Uma melodia começa a tocar, mas ninguém parece que vai cantar ali. Continuo a prestar atenção e tentar identificar a música. Caramba, como é difícil. E de repente uma voz, calma, determinada e muito, mas muito familiar começa a fazer um “Huuum” para iniciar a letra. E da salinha de música atrás da banda surge ela, Fernanda. Radiante como o Sol, mais linda do que tudo que já vi nesse mundo. Meu coração só falta explodir aqui no peito, mal posso acreditar.

   Espantado, assustado, com os olhos arregalados, minha boca se abre sozinha, mas palavra nenhuma consegue sair. Seus olhos estão colados no meu, um tiroteio esta me acertando, mas não sinto dor, não sinto medo, sinto tudo aquilo que desejei sentir por essa garota meses atrás. E ela começa a cantar...


 

Não há nada que eu possa dizer para você
Nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar
O que você significa para mim

 

Ela esta cantando em português? Mas ela sabe tão bem inglês por que faria isso? – Mesmo pensando isso não consigo conter o sorriso e ou desviar o olhar do dela. Ela esta cantando para mim... Não dá para acreditar.


Toda a dor, as lágrimas que eu chorei
Ainda assim você nunca disse adeus e agora eu sei
O quão distante você está

 

Vejo-a estender a mão para mim, devo segura-la? Droga, já era ela voltou a segurar o microfone. Mesmo cantando para mim ela acaba por olhar as outras pessoas. Faço o mesmo e encontro rostos surpresos, outros sorrindo, alguns apenas assistindo. E o que eles ganham com isso? Nada com certeza. Enquanto eu ganho a minha vida de volta, a minha estabilidade.


Eu sei que eu te decepcionei
Mas não é mais assim agora
Desta vez eu não deixarei você ir embora

 

- Eu também não vou te desapontar... Você é minha. – Sussurro mesmo sabendo que ela não possa escutar.


E eu vou ser tudo o que você quiser e me recompor
Pois você faz com que eu não caia aos pedaços.
Por toda a minha vida estarei com você para sempre
Para fazer com que você siga com o dia
E fazer tudo estar bem.

 

Sem esperar ela se aproxima e acaricia a minha face. Estremeço com o toque e beijo sua mão. O que eu daria pra arrancar da suas mãos as coisas que eu fiz e te fazer feliz como merece.
 

Eu pensei que tinha tudo
Eu não sabia o que a vida poderia trazer
Mas agora eu vejo, sinceramente
Você é única coisa que eu acertei
O único que eu guardo dentro de mim
Agora eu posso respirar, porque você está aqui comigo.

 

Droga, isso é hora pra chorar? – Seco as pequenas lágrimas que escorrem. – Fernanda...


Porque sem você eu não posso dormir
Eu nunca, nunca deixarei você partir
Você é tudo o que eu tenho,
E sem você, eu não sei o que faço
Eu não posso, nunca viver um dia sem você
Aqui comigo, você percebe?
Você é tudo o que eu preciso!

 

- E você não imagina o quanto eu senti a sua falta, você é o meu amor... – Mais uma vez falo esperando que ela escute. Não sei por que, mas algo me diz que ela esta escutando.
 

E eu vou ser tudo o que você quiser
E me recompor, pois você faz com que eu não caia aos pedaços
Por toda a minha vida (minha vida)
Estarei com você para sempre
Para fazer com que você siga com o dia
E fazer tudo estar bem!

 

Inesperadamente ela larga o microfone com a menina chamada Joyce e vem para os meus braços. Sem pensar a agarro e a abraço com toda a força do mundo, como se não a visse a mais de dez anos. Beijo todo o seu rosto e chego em seus lábios... Como senti falta desses lábios, tão macios e inocentes. Aplausos e berros surgem atrás de nós e a música ainda prossegue apenas no ritmo. Claro, como fui me esquecer. Tem uma platéia e uma banda aqui, mas que se dane o mundo, Fernanda esta de volta em minha vida!

Depois de um longo tempo nos beijando e abraçando me afasto um pouco dela e a miro.

 

- Saiba que eu te amo demais e nunca mais vou fazer você sofrer! – Deposito outro beijo em seus lábios.

- Eu também te amo muito meu bebe! A partir de agora sempre vou falar as coisas pra você. – Vejo-a sorrir. Fico contagiado e sorrio junto.

- UHUUUUUL! É ISSO AI LEANDRO!! FERNANDA VOCÊ CANTOU MUITO BEM! OOOOOWN! QUE FOFOS! – Vozes berravam e a gente virou ao mesmo tempo para ver todos. Sem jeito aceno para algumas pessoas e todos aplaudem e assoviam animadamente. Vejo Fernanda olhar pra trás e falar alguma coisa com o pessoal da banda. Eles concordam e ela volta a olhar pra mim.

- Vamos amor, vamos matar a saudade. – Diz com um brilho intenso no olhar.

- Claro, com você vou para qualquer lugar. – E você nem pode imaginar, aguarde Nanda.

 

Levando-me pela mão, minha princesa nos guia até o seu cantinho preferido na escola. No pátio ainda escutava-se música e outra voz cantava e todos pareciam estar gostando. Enfim nos sentamos e cara! Como é impossível não olhar para ela, parece que o tempo fez muito bem para a sua beleza. Enquanto eu fiquei com cara de velho. – Sorrio.

 

- Que foi amor? – Ela pergunta.

- Nada meu anjo, estou TÃO feliz de ter você de volta! Confesso que cheguei a pensar que você não fosse me aceitar de volta, demorou tanto.

- Estava preparando essa surpresa pra você. Acha que foi fácil traduzir a música assim? Foi nada, fiquei ensaiando feito maluca. Ai consegui entrar em contato com a Joyce que coordena os lances da banda do colégio e ela topou. – Ela diz com entusiasmo.

- Você foi incrível cantando sabia? Aah você entendeu o que eu falei enquanto você cantava?

- Lógico! Estava prestando mais atenção em você do que qualquer outra coisa.

- Que bom. – Passo a mão no rosto dela e a puxo para mais um beijo, longo e cheio de amor.

•••

- Caramba, onde ela esta que não chega? – Olho inumeráveis vezes para o relógio.

- Le? – Escuto sua voz e olho para trás.

- Finalmente Nanda, estava ficando louco aqui! – Sorrio e abro os meus braços para ela vir ao meu encontro. A abraço e retiro seus pés do chão. Rodo-a no ar.

- Aaaaaah amor! – Ela ri. – Desculpa a demora para chegar estava me arrumando. – Ela se desculpa após eu colocá-la no chão e paro para reparar no seu visual.

- Você esta uma princesa como sempre! Linda linda.

- Valeu amor. Mas então, por que me convidou pra vir aqui? – Ela pergunta e a vejo olhar para o cenário escolhido.

- Primeiro porque eu te amo e queria te trazer pra um lugar que eu adoro muito e segundo porque tenho uma coisa para te contar.

- Pra me contar? Eita, fala logo então, não me deixa nessa curiosidade! – Ela diz rindo.

- Bom, nem sei como falar...

- Aff, fala logo Leandro, não faz suspense!

- Eita menina brava! – Sorrio e a abraço. Aproximo meus lábios da orelha dela e sussurro. – Vou te fazer feliz pro resto da vida, seja em qualquer lugar, sempre vou estar ao seu lado. – Depois de dizer a olho para ver sua reação. Será que ela entendeu?

- Você... Pera aí, o que você quer dizer com isso?

- Que eu vou estar com você pra onde quer que você vá. – Encosto minha testa na sua. Permaneço meu olhar fixo no dela.

- Vai mesmo? – Ela pergunta já expressando uma grande emoção.

- Com certeza!

- Eu te amo Leandro, mais do que tudo!

- Eu também minha princesa! – Beijo-a intensamente.

 

Agora sim a minha vida esta completa de novo. E daqui pra frente tudo vai ser diferente, seremos felizes e apaixonados e nunca mais vou deixar ela na mão. Um rumo novo esta por vir e sinto que a vida esta sorrindo pra mim.

 

Comente aqui:

Data 03/10/2011
De Kaaa
Assunto Kd o resto ???

Quando vc vai postar mas ??
to anciosa !

Data 03/10/2011
De - Rapha
Assunto Cadê o resto?

SÉRIOO , EU TOO DESESPERADA !
PRECISO SABER O RESTO !
É MUITOOOOOOOOOOOOOOO LEGAL !
JÁ TÁ FAZENDO PARTE DAS MINHAS TARDES !
POOOOOSTA MAIS PLS PLS PLS S2

Data 30/09/2011
De Carol Cristina
Assunto POSTA MAIS PF !

Ta tãooooo lindo, posta mais siim pf pf pf :/
to mtooo ansiosa !

Data 29/09/2011
De Mary
Assunto s2

Continua , eu to amando , s2

Data 29/09/2011
De Letys
Assunto AAAAAAAAAAAAAAH

Eu quero maiiiiiiiiiiiiiiiiiis........
Posta se não eu morro ç.ç

Data 24/09/2011
De - ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤJuuh
Assunto :D

Poor favor ! Muito anciosa ! Continuaaaaaaa *--*

Data 13/09/2011
De Diretoria Oficial Oliveira
Assunto Eai?

Eai meninada, achei que estivessem gostando x.x
Sabemos que os capítulos ainda não foram atualizados, mas não é por causa disso que precisam parar de comentar.
Acho que seria até legal vocês nos xingando pra postar *-*
HSUAHSUAHSAU que doidera né? Brincadeira queridas.
Ainda HOJE, 13/09/2011 vamos postar um novo capítulo certo? E não percam porque vai ser O MAXIMO!
Beijocas.

Data 04/09/2011
De Diretoria Oficial Oliveira
Assunto Re:omg

O final promete ser emocionante Bruninha! Acompanhe e se emocione.
Beijos.

Data 30/08/2011
De Diretoria Oficial Oliveira
Assunto OLÁAAAAA MENINADA!

Então gente, pedimos milhõooes de desculpas pelo atrasado dos capítulos. As coisas estão voltando ao normal só agora x_x
Mas PROMETEMOS que sexta haverá um capítulo novo e sabadão também! \o/
Amamos vocês, beijos!!!!

Data 29/08/2011
De Leets
Assunto Maravilhoso *o*

OMG...Eu to amandoooo
Ta perfeito..
ç? ç?

 

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